Você já viu uma dromedária? É um animal parecido com a fêmea do camelo.
Certamente não faz parte da nossa paisagem tropical.
Mas, é usando a imagem deste bicho que o profeta Jeremias, em sua fértil teologia animalesca, fala-nos sobre as peripécias violentas do desejo.
Não condeno o ato de desejar em si, assim como não rejeito o fogo, apesar de reconhecer nele o poder de queimar-me.
Alguém já disse que estas coisas são excelentes servos e péssimos senhores.
Creio que o desejo, apesar de ser, potencialmente, abençoador, agasalha em seu íntimo um anelo por assenhorar-se da vida de seu hospedeiro. Isso é muito claro no cotidiano relacional de quem vive na constante busca por aplacar os intensos anseios por intimidade.
Na internet nada superar, em número de sites, as paginas de pornografia e de relacionamento. Aquela disponibiliza a intimidade artificial - onde todos tiram a roupa, sem nunca desnudar o que realmente importa - e, o último, oferece uma via - as vezes legitima, as vezes, duvidosa - para travarmos comunicação e intimidades diversas.
Muitos usam e são usados nesses contextos, sob a égide da "sensualidade de inseto", fazendo aqui alusão a um conceito do autor russo Dostoiévski (no livro Os irmãos Karamazov).
Uma sensualidade mesquinha, invasiva, egocêntrica, usurpadora que busca apenas um divertimento qualquer, sem importar a lama moral na qual se mergulha.
É um vida parasitária, onde sugamos do outro o que for necessário para dar algum sentido a nossa desregrada existência
Porém, voltemos a "dromedrária nova de pés ligeiros" de Jeremias (Jr 2.23).
Ela nos é apresentada no "cio".
Sim! A mensagem profética era comparar Israel a um animal imaturo e afobado durante seu período de máxima excitação sexual (cio).
E, pra ficar mais dramático, Jeremias afirmou que o povo, em ensandecida selvageria erótica-idolatra, corria em zigue-zague atrás dos seus "amantes" (ídolos).
Promovendo, desta forma, um "zoológico" dos prazeres, no qual todo sentido de dignidade, fidelidade e pureza pretendido por Deus havia sido categoricamente rejeitados, como uma virgem se esquece de seus adornos (Jr 2.32).
Este é o fato mais importante pra entendermos nossa devassidão sexual: nos esquecemos do Noivo.
Se não começarmos por aí, dificilmente, alcançaremos mudanças significativas em nosso tempestuoso mundo interior dos desejos.
Fomos criados para desejar algo que no mundo não está - e, a partir daí desejar o que aqui nos será dado.
Caso contrário, seremos loucas dromedárias sedentas ziguezagueando no deserto da intimidade nula, predatória e incapaz de nos saciar.
David Riker - Ministério SER - Sexualidade & Restauração
Excelente texto meu pastor... Divulgando!!
ResponderExcluirQue o SENHOR seja com o senhor e os seus...